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A mostrar mensagens de maio, 2016

Para todo o final, um novo começo.

São incontáveis as tardes de domingo que passamos à beira mar. Adorava a forma como o teu cabelo ficava todo despenteado do vento, a forma como tentavas olhar para as outras miúdas sem que eu percebesse. Fingia que não percebia, mas questionava sempre "que idiota, porque me haveria de sentir insegura?". Estavas comigo, não com elas. Isso devia dizer muita coisa. Certo? Errado.  Ainda me lembro de quando fui jantar a tua casa a primeira vez. Fizeste questão de me preparar para a responsabilidade que ia ter. Conhecer os teus pais era importante, era quase como se no momento em que passasse aquela porta, estivesse a afirmar "calma, eu daqui a pouco vou para casa, mas volto, sempre vou voltar". Eu realmente tencionava fazer isso, juro. Odeio pessoas que amam apenas partes.  Chovia demasiado naquele dia em que, tarde da noite, afirmaste que numa decisão futura que nem tinha ainda sido tomada, te iria desiludir, trair. Provavelmente essa foi a primeira vez em q

Amor com amor se paga.

O tempo passa mas ainda me lembro da primeira vez que me mentiste. Mal sabia o teu nome, e antes do primeiro encontro, já me enganavas com a tua conversa. Diz-me, foi divertido para ti?  Éramos jovens na altura, jovens inocentes, à procura do verdadeiro amor. Achava eu. Convenceste-me disso. Sorte a tua, azar o meu. Hoje quando me lembro, sinto-me uma autêntica idiota. Como me fui deixar enganar por ti dessa maneira? Achei que era uma parva por ter confiado em ti, mas depois ouço as histórias das miúdas, como tu lhes chamas, e percebo que todas cometeram o mesmo erro. O pior é que outras estão super empenhadas em ir pelo mesmo caminho. Coitadas, sabem nada. A questão é que tu nem és nada de especial. Não és uma espécie de galã de Hollywood, não tens um incomparável charme nem nada fora do comum, és um rapaz igual a tantos outros. O que te diferencia da maioria é a tua conversa, é a forma como passas por rapaz-mais-que-perfeito-demasiado-bom-para-ser-verdade. Já vi

Eu não sou ela, já devias saber.

Tentar moldar uma pessoa à imagem daquilo que imaginamos é errado, moldar à imagem de outra pessoa é mais errado ainda, sabias? É puro egoísmo ficar sistematicamente comparando as pessoas umas às outras. "A minha ex fez isto, se calhar também vais fazer". "Não gostas disto? Olha que a minha ex gostava". Eu não sou ela, já devias saber. Apaixonaste-te por alguém que não era fácil de teres. E depois apareci eu, que era tão mais fácil. Bastava mudar algumas coisas em mim, bastava que eu fosse como ela, e estava tudo perfeito. Errado. Tão errado. Eu não sou ela, já devias saber. Não vou pedir desculpa por não ter os mesmos gostos que ela, de não ter os mesmos gostos que tu. Quando ficaste comigo devia ser por eu ser eu, e não por quereres que fosse ela. Nunca o serei. Eu não sou ela, já devias saber. Esse teu jeito de tentar manipular as pessoas em teu redor, para serem do jeito que tu queres que sejam, isso não funciona comigo, não mais. Ou am

Já te disse hoje o quanto gosto de ti?

Acho que nunca tinha entendido o motivo de odiar tanto as segundas feiras ... até hoje. Começar uma nova semana, a velha rotina e a contagem decrescente de todas as horas e minutos para te ver de novo. Se é que te conseguirei ver no fim de semana. Confesso que esta monotonia que não te inclui fisicamente me deixa completamente entediada. Seria ótimo que as minhas histórias se concretizassem justamente como as descrevo. Talvez não fosse justo para muitas personagens secundárias. Mas pelo menos nós estaríamos juntos. Como seria bom, acordar todos os dias, enrolada nos teus braços fortes, com a cabeça em cima do teu peito, sentindo cada batimento do teu coração, cada respirar, enquanto, por entre a cortina rosa da nossa pequena janela virada para o mar, entravam os primeiros raios de sol primaveris, salientando o teu rosto esbelto. Diz-me qual o teu segredo para que, mesmo de rosto deslavado e barba por fazer, conseguires ser tão encantador? Acordaria todos os dias de madrugada pa

Amar-te é tão fácil como andar de bicicleta.

Somos o oposto um do outro. Por muito que pense não encontro nada em que sejamos compatíveis. Mas eu iludi-me disso. Durante anos disse a mim mesma que tinhamos sido feitos um para o outro. Os opostos atraem-se, não é o que dizem? Tens todos os hábitos que mais odeio numa pessoa. Desculpa ser tão direta, mas não consigo mais ser hipócrita. Eu sei que quando te conheci já eras assim. E nunca gostei desses teus vícios do tabaco, nunca gostei que passasses mais tempo no futebol do que comigo, que fosses para a noite até de madrugada com os teus amigos, nunca gostei que fosses tão racista, homofóbico. Mas mesmo assim não vi nisso um problema. Gostava tanto de ti que estava disposta a fazer um esforço para não ligar a isso. E assim foi. Durante todos estes anos evitei falar contigo sobre os assuntos que eu sabia que não ias entender, mantive-me ocupada enquanto ias ao futebol ou sair com os teus amigos para não criar nisso um problema. Fiz tudo para que não houvessem discussões desnec

Sempre te amarei. Mas não quero mais.

Não encontro melhor forma para começar a escrever esta carta a não ser dizer que foste o melhor que me aconteceu.  Desde que te conheci, todos os outros perderam a piada.  Não tinham o teu sorriso, o teu jeito de olhar, o som da tua voz. Não tinham tudo aquilo que tu tens. Não sei bem o que é, mas sei que é algo de único, genuíno.  Mas como posso viver num amor que só existe em mim? Achavas que o meu amor por ti não duraria um mês, e eu achava que o teu duraria a vida toda. Que tolos. O certo é que o teu não chegou nunca a existir, e o meu parece não ter jeito de acabar. Mas não quero mais. Sinto que a minha alma adoece todas as vezes que falo contigo. Inconscientemente encho-me de esperança, mas depois lembras-me que não passa disso mesmo.   Estou farta dos teus jogos, dos teus vai e vem, quero ou não quero. Sou muito mais mulher que isso. Só porque te amo não viverei de metades. Ou me amas, ou não me amas.  Eu sei que sempre te amarei. Mas não quero mais, hoje não.  Amanhã

Se fores, não voltes.

Hoje tens saudades minhas, amanhã vais embora e só ligas meses depois, quando queres ou te dá jeito. Se tivesse de te comparar a um animal, seria um pássaro. Voas até encontrar um lugar que te agrade, ficas durante um tempo, e depois vais embora. O tempo passa e não te importas com aquilo que deixaste pelo caminho, à tua espera. Encontras outros lugares por onde ficas alojado durante um tempo, e quando eles não te agradam mais, ou o teu percurso volta a cruzar com o meu, tu voltas, voltas até mim. E ficas novamente pelo tempo que queres.  Fazes isso vezes e vezes sem conta. Não sei se vens por não ter outro lugar mais agradável, ou se voltas por sentir falta. Seja como for, tu vais, e eu fico, vendo-te levar partes de mim. É como um ciclo vicioso, mas um dia vai romper-se, eu sei que sim. Um dia não te vou agradar mais, tu vais e não voltas. Ou então serei demasiado importante para ti fazendo-te ficar. Ninguém sabe isso. Tu não podes prometer ficar, nem eu posso

Hoje ficas com mais espaço no armário.

Lembras dos sábados à noite em que eu ficava em casa com os miúdos enquanto ias jogar à bola com os teus amigos? Dizias que precisavas de tempo para ti, para aliviar o stress do trabalho. Eu entendi isso. Lembras de quando te dizia para irmos jantar fora e tu dizias que estavas demasiado cansado? Eu entendi isso. Lembras de quando te esqueceste do nosso aniversário de casamento? Eu entendi isso. E do dia em que chegaste a casa com batom na camisa por uma colega tua ter encostado em ti sem intenção, lembras? Eu também entendi isso. O casamento é assim, as pessoas entendem as atitudes umas das outras. Tens lasanha no forno, e espaço no armário. Espero que me entendas.

Para Sempre Concubina

No segundo após ter dito que o amava, senti um imenso arrepio na espinha e um arrependimento de cortar a respiração. As palavras mais usadas e aparentemente banais, palavras essas que eu reprimia, tinham agora saído da minha boca! Eu sabia, eu sabia que me iria arrepender daquele momento. Eu, que era uma vadia sem sentimentos, que sempre tive tudo o que queria lançando charme e iludindo os homens com a minha  lingerie  e, maior parte das vezes, a falta dela, eu que vivia sobre efeitos hormonais, sobre a adrenalina do momento, e às vezes um pouco de drogas, estava agora a ter "sentimentos"? Ridículo demais para eu mesma acreditar. Como podia esperar que ele o fizesse?   O riso dele após me ter declarado, foi o suficiente para eu perceber que nunca ia passar da prostituta com quem se divertia, que satisfazia todas as fantasias que a sua esposa não aceitava. Era esse o meu papel, o meu lugar. Ser a sua concubina.