Tomas um café?
No início, tínhamos tudo para dar certo. Tínhamos tudo, até passarmos a ter quase tudo. E no final, o quase outrora tudo, foi suprimido pelo erróneo que passou a nos definir. Tínhamos tudo para dar certo. Até se tornar errado. Tomas um café? A chuva cai de forma intensa e fragosa, enquanto permaneço no alpendre de nossa casa, ansiando pela tua chegada. Interrogo-me, por momentos, se voltarás para mim, por nós. O silêncio da tua ausência é ensurdecedor. A nossa sala está despida de ti. Não existem fotografias, não existem lembranças de viagens a dois. Quando voltares, talvez possamos ver mais um filme juntos, fazer um cafuné pela noite dentro, ou acampar uma última vez no nosso jardim. Talvez possamos fazer uma viagem juntos, marcar um jantar com a família, ou um torneio de matraquilhos com os amigos. Talvez possamos criar novas memórias, uma vida a dois, sabes? A noite foi longa. Sente-se o cheiro a terra molhada, os pássaros cantam alegremente, e