Uma última dança.
Dizem. Dizem que a vida é uma dança em que alguns ficam até não aguentar mais, e outros esquecem da coreografia. Dizem que é, também, uma música em que um deseja que não termine, e o outro sai a meio. Concedes-me a dança desta última música? Procuro por ti na multidão, mas os meus olhos não te alcançam mais. Larguei os sapatos e entreguei-me a ti, a esta noite. Dançamos sobre o céu estrelado, enquanto sentimos a brisa do nosso próprio rodopiar. Um pequeno jardim que se tornou o nosso infinito. Assim o desejei. As luzes brilham ao nosso redor. E, do nosso modo desajeitado, encontramos o ritmo perfeito. O nosso ritmo. Desejo a cada instante que, aquela que poderia ser a nossa música, nunca termine. Que seja uma música eterna, e que eu nunca mais tenha de calçar os sapatos. Ouve-se o silêncio ensurdecedor. As luzes continuam a brilhar, mas a música parou. Olho ao meu redor, e estou agora sozinha. Procuro por ti, e encontro somente o teu lenço no chão. Sei ser teu, porque tem o teu