Silêncio.

O silêncio é o maior grito que existe na ausência de palavras.

Tu sabes quando estás a mais, tu sabes quando do outro lado o encanto se perdeu, quando o interesse deixou de ser mútuo. Tu consegues perceber quando és a única a lutar por uma coisa em que apenas tu acreditas. Tu sabes, mas preferes ignorar. Preferes fingir que não entendes, que está tudo bem, preferes continuar a insistir numa história que provavelmente não passa de uma ilusão na tua cabeça. Deixas o orgulho de lado e continuas a imaginar a tua vida ao lado de uma pessoa que a esta hora está do lado de outra que não tu.
E tu sabes disso. Mas preferes ignorar.

Até quando? Até onde alguém vale a pena o suficiente para te humilhares dessa maneira? Já pensaste que todas as vezes que lhe mandas mensagem a dizer que sentes a falta dele, o facto de demorar a chegar uma resposta é por ele estar com outra? Ou por não sentir o mesmo que tu?

Queres muito acreditar que todas as juras de amor que te fez não foram em vão, que talvez esteja numa fase menos boa da sua vida e que amanhã tudo melhora e volta a correr para os teus braços. E então tu esperas, esperas uns dias, umas semanas, uns anos. Esperas sempre na esperança que amanhã seja o dia em que ele chega perto de ti e te diz que te ama desde o primeiro dia em que te viu, mas só agora percebeu a falta que lhe fazias. Um cliché que mantém a tua esperança intacta. Mas o amanhã não chega.

Desilude-te se achas que uma pessoa que passa dias sem te dizer algo te ama como te diz. Afastar ajuda a perceber quem sente a tua falta, e se essa pessoa retribui o afastamento, a ausência de interesse é tão verídica como algo que está errado não estar certo.
Até a pessoa mais ocupada consegue arranjar cinco minutos para ti, se assim o quiser. E se não o faz, talvez esteja na altura de perceberes que estás a mais, talvez esteja na altura de reconheceres que te deves retirar, que este é o momento certo. E se assim o for, vai em frente, sem medos nem receios. Porque quem te quer por perto não te deixa na prateleira à espera para usar apenas quando lhe apetece ou dá jeito. E se assim o faz, aceita que não é amor, aceita e não insistas em algo que não é recíproco.

Não te humilhes mais, deixa para trás o que não te leva para a frente, sem dramas nem lamentações. Apenas em silêncio.

Comentários

  1. "Esperas sempre na esperança que amanhã seja o dia em que ele chega perto de ti e te diz que te ama desde o primeiro dia em que te viu, mas só agora percebeu a falta que lhe fazias. Um cliché que mantém a tua esperança intacta. Mas o amanhã não chega."

    É efetivamente isto. Sobretudo quando acreditamos realmente no valor das coisas e quando há a capacidade de perdoar. Não será porventura a mais saudável das coisas a fazer, nem o melhor dos comportamentos a ter... talvez reprimido pelos demais que te rodeiam e que te merecem mais do que quem te oferece silêncio. Acreditas que o amanhã vai chegar e procuras histórias que te prendam a essa ideia. O amanhã poderá chegar mas jamais com o sabor do ontem. É essa a tristeza que assombra o "regresso" pós silêncio. Quando o "silêncio é o maior grito na ausência de palavras", não há palavras póstumas que o calem. O silêncio ecoa e ganha o seu lugar em ti.

    Parabéns Sofia por esta reflexão. Eu nem sabia que tinhas um blogue e estou muito orgulhoso que tenhas realmente investido num pois aprecio as tuas reflexões e a tua humildade de pensamento, justamente de alguém que vive verdadeiramente o valor das coisas e que tem sensibilidade para o fazer. Talvez tenha sido isso que sempre nos prendeu mesmo nos silêncios hehe

    Um beijinho e continua.

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