Conexões de corpo são fáceis, de alma não.

Cheguei a uma fase da minha vida em que já não sei se sou eu que me tornei insuportável, ou se foram as pessoas que se tornaram desinteressantes.

Conexões de corpo são fáceis, de alma não. É bastante difícil encontrar alguém que partilhe os mesmos ideais que nós, alguém que nos entenda sem precisar dizer nada, alguém que saiba como gostamos do café, que conheça todos os nossos defeitos, e mesmo assim nos continue a achar as melhores pessoas do mundo. Alguém que realmente nos ame.

Aqueles encontros momentâneos no bar às sextas à noite, quando a música é boa, as pessoas estão todas bem arranjadas, e as conversas surgem de sorrisos e piadas, são o princípio para uma noite bem passada, mas quantas não são as vezes que não passa disso mesmo?

É fácil gostar de alguém que vimos de vez em quando, sempre em ambiente de festa e descontração. E depois? Para onde vai todo esse encanto quando a maquilhagem é removida, quando o vestido é trocado por uma t-shirt onde cabem duas pessoas, quando o cabelo está todo despenteado, quando as olheiras de uma noite mal dormida são mais salientes do que desejávamos, quando a rotina do trabalho nos acaba com a paciência e já não rimos das mesmas piadas que naquela noite achamos hilariantes?

Para onde vai tudo isso quando as relações deixam de ser de uma noite e passam a ser de uma vida?

A questão é que a maioria já nem chega a virar relação. As pessoas perdem o interesse mais fácil do que a paciência numa fila de supermercado em dias de promoções. E depois surgem aquelas perguntas de o porquê de com esta idade estarmos solteiros.
Há uma diferença entre estar solteiro por circunstâncias da vida, e estar sozinho por opção.

Confesso que me cheguei a questionar várias vezes se o problema seria meu. Quando toda a gente ao teu redor partilha os seus planos, aparentemente bem delineados, sobre o que irão fazer daqui por uns anos, com quem irão estar, é um caso de pensar duas vezes se não serás tu que estás errado por, não só não teres nenhum plano, como não teres ninguém com quem o idealizar.

E realmente cheguei à conclusão que sim, o problema é meu.

Com todas as desilusões que vivi, tornei-me mais exigente comigo mesma. Obriguei-me a não acreditar em qualquer um, a não cair em conversas banais, a não me apaixonar por qualquer sorriso. E a verdade é que a maioria das pessoas são assim mesmo, vivem de banalidades, contentam-se com qualquer coisa, algumas nem querem saber nada de ti, não se dão ao trabalho de te conhecer. Vão para onde o vento as levar.

Ao contrário do que pensam, não é o meu mau feitio que me faz estar sozinha, mas sim a falta de pessoas interessantes ao meu redor.
Se há coisa de que tenho a certeza é daquilo que não quero na minha vida. E pessoas vazias estão completamente excluídas.

Quando me virem com alguém, seja daqui a uns dias, ou daqui a uns anos, saibam que não é apenas uma tentativa de "vamos ver no que dá", mas sim uma aposta numa pessoa com quem me identifiquei, alguém que foi suficientemente capaz de me convencer de que há mais do que conexões físicas.

No dia em que me mostrarem que sim, é possível encontrar alguém que seja muito mais do que uma cara bonita ou um corpo trabalhado, alguém cuja personalidade consiga sobrepor-se a tudo isso, que não se deixe encantar por qualquer coisa, nesse dia deixarei de estar solteira, até lá, estou sozinha.

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