Não te percas por ninguém.


Porque continuamos a insistir em 
mergulhar tão profundamente nas relações 
tão rasas da vida?



Nem todas as pessoas são intensas.
Nem todos estão dispostos a colocar empenho e dedicação nas suas relações. 
Nem todos querem relações. 
Erro meu achar que não eras um todo.


As pessoas. Ah, as pessoas. 
Como é incrível a forma como se escondem por detrás da imagem que elas criam 
sobre si mesmas de serem difíceis, quando na verdade
só têm medo de amar alguém. 


Eu devia saber, no dia em que apareceste, que serias um problema na minha vida. 
Devia ter percebido que a tua chegada impetuosa traria danos irreversíveis consigo. 
Mas aqui estou eu, a segurar o choro na garganta, com pouco ou nada para dizer, enquanto te observo colocar as camisas na mala. 

Que terei eu feito de errado? Onde foi que te falhei?
Terá sido o excesso de espaço? 
Terei dado demasiado carinho? Talvez não gostasses de tanta atenção.
Deveria ter-te procurado todas as vezes que sumiste sem nenhuma justificação?
Ou terão sido as noites que fiquei sozinha em casa, enquanto saías com os teus amigos?


A minha mente divaga quando me dizes que não queres um futuro do meu lado, que não existe mais espaço para mim. Tu, que outrora dizias querer planos comigo, hoje retrocedes dizendo que já não sirvo para ti, que sou um mero divertimento. 

Observo-me no espelho. 
Terá sido culpa minha?


Não.
Como ousas dizer que não fui suficiente, quando foste tu quem não teve nada para oferecer?

A mala está feita.
Fazes uma breve pausa. 
E dizes que podes voltar, caso sinta a tua falta.
Mas nunca para ficar.

Eu, que um dia desejei que ficasses comigo a vida toda, hoje só peço que vás embora.
Apaixonei-me por uma ideia tua que eu mesma criei, não pela pessoa que está na minha frente.
Então vai, leva todos os teus pertences contigo.
E a certeza de que, quando passares por aquela porta, não voltas nunca mais. 

Quem é intenso, não se sujeita a relações rasas.
Deverias saber.

Comentários

  1. Por meu defeito, mergulhar não pode ser muito profundo. Ou é do excesso de cigarros já fumados ou pela minha mania de não conseguir estar muito tempo submerso em uma zona pouco explorada, onde custa abrir os olhos com nojo que alguma coisa perturba o que vejo. Quero ver mais além, mesmo que seja longe e não dê para ver com a maior nitidez há sempre alguma informação desvanecida que fica e ajuda bastante.
    Agora só me preocupo em me relacionar no que estou a escrever, e assim, verei com pertinência se há semelhanças entre "mergulhar" com "relações". Não sou ninguém com os melhores valores para julgar o assunto que se trata, mas consigo ver semelhanças assim como qualquer mentecapto. Tendo em conta a quantidade de sítios onde podemos mergulhar e a quantidade com o quê ou com quem nos podemos relacionar, tenho dificuldade em equilibrar a balança e saber o que pesa mais. Mergulhar em um rio que sofre com a industrialização, por mais que goste de ver esse problema resolvido, nunca me atreveria por livre vontade a mergulhar. E agora com relações? É possível ver a toxidade ou o quanto tóxico que se pode tornar? Sentir aquele encostar à parede com toda a pressão com perguntas difíceis: "O que somos?", "O que sou para ti?", "Como nos imaginas daqui a uns anos?"... Bem, como me safo desta? Uma semana era o suficiente para me preparar a responder a este tipo de perguntas? O meu estado de alerta e instinto de preservar a minha felicidade ativa-se! Muito simples... Fico sem palavras e assustado. Uma semana deu para ver que acordo todos os dias a pensar em ti e a saber o que quero fazer contigo hoje e o que planeio para amanhã. Uma semana para prever vários 365 dias seguidos é habilidade que me ultrapassa. Não consigo responder.
    Hoje sei com toda a certeza que te quero ver hoje e amanhã, e para a semana também. Poderia escolher seguir o caminho mais fácil e simplesmente tornar as minhas emoções levianas e fáceis de serem ouvidas como resposta, pois essa semana serviu para entender o que essa relação quer ouvir. Mesmo sem palavras e cheio de medo prefiro escolher a verdade. A verdade trouxe para este mergulho toda a sujidade pantanosa. Este mundo submerso aos poucos começou a fechar-me os olhos em poucos meses, só restava o desconforto de não conseguir abri-los.
    Saltei para a superfície.

    Re:Zero Season 2 OST by Kenichiro Suehiro - https://www.youtube.com/watch?v=DW3Wv7gGVls&list=PLOseTNHq-FlfvMsvzzrvf7g8lo_LEizba

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