Eles sabem lá.
- eles sabem lá -
O telefone toca, o visor ilumina-se e a nossa fotografia acompanha o teu nome.
Pensei que nunca mais ouviria a tua voz, do outro lado, a dizer "chegueeei".
Abro a porta e ali estás tu.
O mesmo corte de cabelo, o mesmo cheiro, o mesmo olhar.
Dou por mim a vaguear nas memórias quando me interrompes, questionando porque estou tão séria.
Um misto de sentimentos apodera-se de mim.
Seria este o nosso recomeço?
O tempo voa do teu lado.
O mesmo sentido de humor, a mesma leveza nas conversas.
Sou eu e tu, novamente, lado a lado.
Morri por amor, pela primeira vez, contigo. Naquele fatídico dia de Maio, em que me deixaste à porta de casa, em prantos, e seguiste o teu caminho sem olhar para trás.
Foste embora, e uma parte de mim foi junto de ti.
Ficaram as memórias, e a esperança. A esperança do dia em que voltarias.
A esperança deste dia.
Coloco as minhas músicas aleatórias no rádio do carro.
No meio de conversa e brincadeiras, fica subentendido que te voltarei a ver.
Erradio felicidade. Fazia tanto tempo que a minha família não me via tão feliz.
E eles sabem, eles sabem que é por tua causa, o grande amor da minha vida.
Quando te voltarei a ver?
Hoje não foi o recomeço.
Na verdade, foi a certeza do nosso fim.
A segunda vez que morri por ti.
Falar de amor e dor, é falar de ti.
É ironicamente incrível, sabes? Como uma só pessoa nos pode fazer sentir o extremo da felicidade, na mesma proporção que nos faz querer morrer.
Quem diz que não é possível morrer de amor, nunca amou de verdade.
De todos os fins do mundo que julguei viver, tu foste o mais doloroso.
Porque depois de ti, nada mais abala.
Depois de ti, qualquer sentimento de dor fica insignificante.
Porque voltaste, se nunca quiseste ficar?
O semblante muda.
Ocupei a mente com tudo o que dá, forcei saídas com amigos, e sorrisos, para esconder um vazio incapaz de ser preenchido.
Mostrei estar bem e feliz, numa tentativa desesperada de realmente o sentir.
Porque me faltas tu, e tudo aquilo que levaste de mim.
Fico a ver-te ir embora, pela segunda vez, consciente que, agora, não resta qualquer esperança, apenas memórias.
A qualquer publicação tua, o coração aperta, questionando se é este o dia em que irás partilhar as tuas vivências com um outro amor, o dia em que irás acampar com ela na nossa tenda, em que a levarás a casa dos teus pais, e jantares com amigos.
Eventualmente sei que o farás, que irás refazer a tua vida e viver com outra pessoa tudo aquilo que desististe de viver comigo.
Quando desejei que fosses feliz, sabia que essa felicidade teria um preço.
E tudo bem.
Comentários
Enviar um comentário