O amor surge quando fechas os olhos.

"Nossa, como é possível andares com um gordo?"
"Já viste bem como aquela gaja é feia? Gostas daquilo?"

Perdoem-me o calão usado, mas tipicamente português falando, é assim que começa o racismo, discriminação, e imposição dos parâmetros de beleza que a sociedade decide serem os certos, ou pelo menos aceitáveis.

O amor acontece quando fechamos os olhos, quando amamos com o coração, com a alma, e não com esta visão viciada da perfeição.

Todos se acham no direito de opinar sobre as escolhas dos vizinhos, todos têm uma palavra a dizer sobre tudo. A minha questão é, quem são vocês, seres tristes e deprimentes, para dizer se alguém está ou não aprovado para determinada pessoa? Acham-se, portanto, no direito de escolher alguém para a Maria, para o João, até para aquela funcionária do supermercado que nem o nome sabem, só porque sim? Falam só para não estar calados? Ou será para esconder as suas próprias más escolhas? Talvez o facto de julgar os gostos dos outros aconteça por não estarem satisfeitos com aquilo que têm.

Algumas pessoas realmente combinam, sabem? Não aos vossos olhos, mas no seu íntimo, nas suas personalidades. Amor não é uma cara bonita, um corpo trabalhado ou um bom carro. Pobres daqueles que acham isso suficiente.

Existe quem goste de pessoas magras, morenas, de olhos azuis, verdes, whatever.
Há, no entanto, quem não ache grande piada a essas características, e depois existe aquela pequena percentagem de pessoas que não têm tipo definido, não por serem demasiado esquisitas ou indecisas, mas porque não procuram ninguém pelo aspeto. São pessoas que preferem deixar-se encantar por um sorriso, por uma boa conversa, que estão recetivas a apaixonarem-se pelo que os outros são, não pelo que procuram.

Seria tudo bem mais fácil se cada um cuidasse de si, se as opiniões fossem dadas apenas quando pedidas, se nas imensas mentes fechadas fosse incutido um pequeno chip que fizesse lembrar que liberdade e igualdade são mais que duas palavras. Nove em cada dez pessoas que dizem ser apologistas desses direitos são, na verdade, as primeiras a motivar o contrário. A que resta normalmente é a que se encontra fora dos parâmetros aceites pelas restantes nove.

País pequeno com mentes pequenas.

O amor, quando surge, é para todos. Não importa a raça, religião, estatura física, orientação sexual. Amor é amor, e só o consegue viver quem está recetivo a recebe-lo.

Fechem os olhos e amem, amem muito. 
O amor é raro, aceitem-no, venha na forma que vier. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Fui uma mulher desejada, mas nunca amada.

Eles sabem lá.

Não te percas por ninguém.