De mim para ti.


Há amores que são instantâneos, que basta uma troca de olhares no supermercado 
e já estamos a imaginar o vestido de noiva.
Há amores que julgamos ser para a vida toda e na verdade nunca foram esse tipo de amor.
Há amores que se vão solidificando com o tempo.
E depois existe o nosso.


Uma vontade absurda de querer estar perto de ti, um sentimento catastrófico capaz de suster a respiração. Um aperto no peito por saber que amanhã não te irei ver. Uma noite bem dormida depois de ter tido um beijo teu.

O teu beijo é o meu preferido, já te disse?

Desengane-se quem pensa que o sabor do beijo é o sabor da boca.
O sabor do beijo é o sabor do amor, da cumplicidade, do desejo, da entrega. Não dá para comparar beijos, não dá para esquecer nem procurar o beijo de alguém em outra pessoa. Não quando sabes que aquele é O beijo, não quando é nele que descobres exactamente aquilo que sempre quiseste.
O sabor do beijo é o sabor da alma.

Pudesse eu pedir um desejo que seria ter-te do meu lado todos os dias.
Acordar enrolada nos teus braços, - já te disse que o teu abraço é o meu preferido? - contemplar o teu sorriso esbelto logo pela manhã. Seria a melhor rotina que poderia pedir, seria a mulher mais feliz do mundo.

Mas tu não estás aqui. A distância que nos separa é maior do que eu queria.
Recorro ao baú das nossas fotografias que guardo como sendo o maior tesouro que alguma vez seria possuidora.
Porque não são apenas fotografias. São memórias, são recordações do tempo em que tu eras tão meu e eu era tão tua, mas eu ainda não sabia.

Perdoa-me por isso. Perdoa-me por ter precisado de tanto tempo para assumir o que sempre tentei ignorar.
Hoje entendo que alguns sentimentos precisam de tempo para serem entendidos, alguns sentimentos precisam de se solidificar, de serem sentidos antes de serem vividos. E não importa quantas pessoas procure ou encontre pelo caminho, nenhuma irá substituir o lugar que é teu, porque tu és tão tu, e nunca um outro alguém será igual a ti.

Então eu espero. Espero por ti, no alpendre de minha casa, na minha cadeira de baloiço, enquanto leio um livro em que algures me fará lembrar de ti, acompanhado de um chá que me aquece a alma sobressaltada, aguardando pelo dia em que voltarás para mim.

Porque há amores que são para a vida toda.
Há amores que simplesmente não são para serem vividos.
E depois existe o nosso.


Já era amor mesmo antes de o ser.


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