Amar muito pode mudar toda uma vida.



Escolhas.

Escolhas que nos levam para caminhos diferentes.
Escolhas que mudam o rumo das nossas vidas.
Uma eterna dúvida entre o certo e o errado.
A distância entre o que somos e queremos ser.
Um amor que chega de forma arrebatadora, com um único propósito: 
dilacerar-nos, sem qualquer pudor. 



Escolhas.





Após uma vida inteira, sempre com a mesma cor e corte de cabelo, chega o dia em que sentimos necessidade de experimentar um novo "eu". A mudança é tão radical que quando voltamos a olhar no espelho não nos reconhecemos mais. Uma mudança física que demonstra o nosso interior - desconhecido.
Foi uma escolha que fizemos, e independentemente do resultado final, sabemos que somos nós quem tem de encarar as suas consequências. Podemos gostar do que vemos, ou chorar de arrependimento. O certo é que o cabelo cresce, e pode voltar a ser pintado. É uma escolha que fazemos sem muita preocupação porque sabemos que é uma questão de tempo até tudo voltar ao que era.
O problema é o nosso interior. São as escolhas que fazemos ao longo da vida que englobam outras pessoas que não nós.

É surrealmente egoísta dispensarmos alguém e esperar que essa pessoa continue à nossa espera.
Por diversas razões, por diversos motivos, quantas vezes não deixamos para trás pessoas que queríamos, mais que qualquer outra coisa, na nossa vida?

Talvez o problema seja as pessoas não surgirem na altura certa. Essa sempre foi uma reflexão que moveu a maioria das minhas escolhas. Mas hoje sei, amargamente, que esperar pela altura certa é como procurar pela perfeição, uma perda de tempo e uma tristeza eterna.

Quando somos adolescentes vivemos numa luta constante de tentar perceber quem somos, o que queremos ser, o lugar que ocupamos no mundo. Somos pressionados a fazer escolhas importantes que podem ditar o nosso futuro. Mas, qual a probabilidade de acertarmos nelas?

A tendência é para escolher o caminho mais difícil. Afastamos as pessoas que gostam de nós por medo de as magoar, ficamos confusos, sem rumo, sem nos encaixarmos em nenhum lugar. Achamos que, talvez um dia, no futuro, quando formos mais "adultos e responsáveis" tudo se acerte.
Lamento, isso nunca vai acontecer.

Quantas pessoas do nosso passado fazem parte do nosso presente? Quantas histórias se conseguem recuperar? Quantos amores se conseguem recomeçar?

Agora, na suposta fase em que eu achava que tudo seria bem mais fácil, percebo que a minha lista de escolhas erradas é maior do que a lista do supermercado. E a tendência é para aumentar cada vez mais.

Existem amores que quando chegam, chegam de forma arrebatadora.
Existem amores que nos deslumbram, amores que nos preenchem, amores que nos fazem bem. E depois existem aqueles amores raros que fazem os olhos brilhar, que nos confortam, que nos aquecem a alma, em que tudo é tão natural que não deixa espaço para qualquer sentimento negativo. Aquele amor que nos transborda, que nos faz ser nós mesmos, que faz reviver uma parte de nós que achávamos não existir mais. Um amor que, provavelmente, surgiu numa altura da nossa vida em que não sabíamos o que fazer com ele, virando apenas uma recordação que ficou guardada, em silêncio, no lugar mais bonito da nossa memória.

Talvez com a rotina a que nos habituamos do dia a dia não nos seja permitido perceber a dimensão do impacto que determinadas escolhas terão na nossa vida. Talvez seja necessário parar cinco minutos para olhar ao nosso redor, talvez seja necessário pensar, "e se tudo acabasse amanhã?" para entender aquilo que temos, o que queremos ter e o que precisamos ter.

Só agora, muito tempo depois, no meio de um flashback causado por toda a turbulência em que me encontrava, percebi que o podia ter amado. Aquele garoto que dispensei por ficar à espera da altura certa, poderia ter sido a história da minha vida. Podia tê-lo amado como um belo poema recitado ao final do dia num banco de jardim, ou tê-lo amado tanto quanto se ama a própria vida. Seja qual fosse a forma, podia tê-lo amado muito.
Porque amar muito pode mudar toda uma vida.
E como eu queria que a minha tivesse mudado.


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