Não me iludo mais com a ideia de perfeição, mas ainda acredito no amor.

Quando uma relação termina, independentemente do motivo, não é o que se viveu que realmente nos magoa. São os planos fracassados, os sonhos que desmoronaram. Num momento de maior fragilidade, deixamos a mágoa falar mais alto, e as palavras ódio e arrependimento parecem tomar conta de tudo o resto.

Quando uma relação termina, a ausência do outro torna-se cruelmente insuportável. Queremos odiá-lo a todo o custo porque dói demasiado admitir que ainda o amamos. Proferimos várias vezes a expressão "maldita a hora" ou "se o arrependimento matasse".

Quando uma relação termina, deixamos de ter o melhor lado do amor para enfrentar as suas consequências. Por vezes, não temos consciência do quanto somos felizes, até que essa felicidade acaba e só então percebemos, da pior forma, o quanto ela nos preenchia.

Não existe ódio onde existe amor. 

O amor, quando existe, é de forma poderosa e gratificante, não permitindo haver uma única brecha para caber qualquer outro sentimento que não seja igualmente construtivo. Não se pode odiar quem um dia se amou. 

Pode perder-se o encanto, o interesse, a paixão. Mas, mesmo quando alguém deixa de fazer parte da nossa vida, sempre haverá um pequeno lugar no nosso coração para essa pessoa. Mesmo que seja um lugar que decidimos deixar esquecido numa gaveta fechada a sete chaves, ele sempre estará lá.

Mais errado do que desvalorizar aquilo que um dia nos fez tão feliz, é achar que nunca mais voltaremos a sentir algo equiparável.

Quando procuramos desesperadamente por alguém que nos ocupe o vazio que nos atormenta a alma, quando queremos forçosamente gostar de alguém com medo de ficar sozinhos, isso não é apenas humilhante, não é apenas sinal de falta de amor próprio, é também o início para mais uma relação fracassada. 

No amor devemos ser pacientes, saber aguardar e diferenciar os sentimentos que por vezes se tornam controversos. O amor baseia-se em todo um conjunto de sentimentos puros, únicos e verdadeiros, que não devem ser confundidos com carência ou necessidade de se sentir amado. Ser portador de um sentimento tão grandioso como esse, ser presenteado com algo tão genuíno que nem toda a gente consegue alcançar durante a sua vida, é um enorme privilégio, e devemos estar preparados para o aceitar, venha na forma que vier. 

Hoje, após tantos fracassos, tantas falhas e tantos erros, consigo perceber que o amor perfeito não se baseia na falta de discussões, que não é tudo colorido como a imagem que nos pintavam em criança. Numa relação existe discórdia, existem momentos de maior tensão, existem erros, desilusões. O que diferencia um amor perfeito de todos os outros é a capacidade de compreensão, é assumir os nossos erros, querer corrigi-los, estar dispostos a perdoar. 

É tão mais fácil virar costas e deixar para lá, excluir as pessoas da nossa vida como se nunca tivessem significado nada, deixar o orgulho falar mais alto. Não me iludo com pessoas perfeitas, não me iludo mais com a ideia de que existe alguém que nunca irá cometer falhas, mas acredito em pessoas dispostas a corrigir os seus erros, a não desistir só porque as coisas se tornam difíceis. 

Hoje, não me iludo mais com a ideia de perfeição, mas ainda acredito no amor.  

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