Hoje, eu amo-me. Antes de amar a ti, amo a mim.

Mente silenciosa e coração calmo. 
Pela primeira vez desde que te conheci não peguei no telemóvel após ter acordado para ver se te tinhas lembrado de mim, não lamentei nem senti pena de mim por estar sem ti. 
Hoje, antes de pensar em ti, pensei em mim.

Tomei um duche relaxante, vesti a minha melhor roupa e coloquei aquele perfume que tanto adoro e só usava quando estava contigo. É, durante meses tratei-te como a minha prioridade e tu nem percebeste isso. Não vou mentir, claro que questionei sobre como estarias, se sentias a minha falta, mas não deixei que esse pensamento tomasse conta do meu bom humor. Hoje não.
Durante meses foste o meu primeiro e último pensamento. Acho que não tens a mínima noção do que sinto por ti. Na verdade acho que nunca terás. Anyway. Sem que eu percebesse, tu, sim tu, tornaste-te a personagem principal da minha história. Tinhas uma assustadora influência em mim. Não penses que por escrever isto significa que te esqueci. O meu sentimento em nada mudou. Mas hoje percebi que estava demasiado dependente de ti. Não sou mulher disso. Ou pelo menos não quero ser.
Não quero ninguém melhor que tu, nem como tu. Na verdade não procuro ninguém. Contigo fui feliz, e achei que era essa felicidade que procurava. Mas estava errada. Procurei em ti o que não achei em mim. Talvez por isso a tua ausência me deixasse tão mal. Talvez por isso, sem ti, eu achasse que a minha vida não tinha qualquer sentido. Que idiota, eu sei. 

Sentia-me sozinha, e na verdade estava, enquanto tu vivias a tua vida, com outras pessoas que não eu. Não penses que não me custou ver a forma tão natural com que tu mostravas ao mundo as tuas fotos com outras raparigas que não eu. Não penses que ver a forma íntima como tratavas pessoas que me odiavam me deixou feliz. Pelo contrário. Foi isso que me afastou de vez de ti. E talvez tenha sido isso que me abriu os olhos também. Não te julgo por viveres a tua vida, mas condeno-me por ter abdicado de tudo por ti. E porquê? Para quê?

Despedaçaste o meu coração de todas as formas possíveis. E olha que eu sempre fui bastante realista. O coração é apenas um músculo, não o podias partir. Mas espero que assim entendas o quanto me magoaste. Se é que isso te importa alguma coisa.

Contudo, tenho a te agradecer. Porque com a tua ausência encontrei o meu verdadeiro amor, eu mesma. Não, não é um cliché. É a realidade, a minha realidade. Hoje, eu amo-me. Antes de amar a ti, amo a mim.