Quem nos procura, sabe o que faz.


As pessoas amam-nos 
quando somos tranquilos, 
quando a conversa é boa, 
não existe discórdia ou drama. 

As pessoas amam-nos 
quando aceitamos sem questionar, 
quando as aceitamos como elas são, 
e somos como elas esperam que sejamos.

As pessoas amam o fácil, 
o simples, a ideia de perfeição.

As pessoas amam-nos 
quando somos a realização 
da sua ilusão.

Amam a ideia de amar. 
Não nos amam, na verdade. 

As pessoas.


Deixemo-nos de falácias. 

Quem nos procura, sabe o que faz. E se não sabe, devia.
Quem procura, uma nova relação, um novo amor, deve saber que é fundamental ter a sua vida organizada, que é insensato interferir no caminho de alguém sem ter bases sólidas para dar o melhor de si, e que não deve esperar mais do que pode oferecer.
Quem nos procura, deve trazer consigo sinceridade e transparência, respeito e seriedade.
Quem nos procura, deve deixar para trás a sua bagagem, e fechada com uma chave que perdera pelo caminho.

Romantizamos a ideia de que opostos se atraem, de que quem torna tudo mais difícil, tem mais valor.
Para nosso infortúnio, somos uma geração sem peso e medida. Tornamos o simples em complicado, esperamos que o outro o aceite, mas se for uma reação mútua, afastamo-nos e não aceitamos de modo algum. 
Repugnamos os seus problemas antes sequer de os ouvir, mas esperamos que ele se sente na cama do nosso lado e nos ouça sem questionar, sem julgar, e que no final nos dê um abraço e diga que tudo se vai resolver. 

Desejamos uma relação tranquila, alguém que nos permita continuar a viver do jeito que queremos, que não interfira nas nossas rotinas e que, de preferência, não dê muitas dores de cabeça. 
Ninguém faz mais questão de apresentações à família ou misturar os grupos de amigos, porque na verdade, não estão a 100%. 
Tornou-se ridículo falar em "para sempres" porque, enquanto uns se casam a pensar no divórcio, outros iludem-nos de que só é preciso ir com calma, quando na verdade nos escondem da sociedade como se fôssemos um erro. 

Algo que admiro na nossa geração é que todos têm medo de se magoar, todos querem levar os sentimentos com calma, mas na hora de se envolverem fisicamente uns com os outros, bem, aí não existe qualquer problema se nada der certo. 

Quando foi que começamos a desvalorizar a intimidade?

Não importa se vai durar uma semana, dois meses, cinco anos ou o resto da vida. Quando se decide amar alguém, é por inteiro.
Nunca coloques só um pouco de amor em algo que faças apenas por não ter resultado antes, nunca ames alguém menos do que consegues só para te proteger. A falta de amor faz com que as pessoas se retirem. E julgá-las pelos nossos erros passados, fazê-las sentirem-se na sombra das nossas antigas relações e que precisam justificar a "sorte" de estar na nossa vida constantemente, quando tudo o que lhes transmitimos é uma falsa segurança, bem, isso é tão errado como as convidar a dormir na nossa cama e ao lado manter recordações da ex namorada, ou dizer que se ama mas manter a distância como se não passassem de uma companhia para quando dá tempo.

Não sei quando foi que nos perdemos, quando pedir alguém em namoro se tornou um pedido tão leviano. Mas talvez por isso já não haja romantismo, talvez por isso as pessoas já nem se queiram rotular.
As relações tornaram-se um pesadelo, abdicar da vida de solteiro parece ser algo tão inconcebível que a maioria já estipulou uma meta para o fazer, como se a sua vida fosse terminar no dia em que resolverem tomar essa decisão. 

As relações mudam a nossa vida. 
O amor muda a nossa vida. 
Para melhor. 

Então, se qualquer tipo de relação ou pseudo relação parecer um fardo demasiado grande, se todas as mudanças necessárias - porque algumas são necessárias - não acontecerem de forma leve, simples e inconscientemente, se for preciso pensar e ponderar várias vezes, talvez não estejam realmente numa relação. 

O amor tem muito que se lhe diga. E nem todos estão dispostos a aceitá-lo. 
E está tudo bem nisso. Está tudo bem em não se estar preparado para abdicar dos sábados à noite com os amigos, de não querer passar os domingos em família ou planear a decoração da futura casa. 
Está tudo bem sentir que ainda somos demasiado jovens para tomar decisões tão sérias, ou ter assuntos do passado mal resolvidos. Tudo tem um timing, todos temos o nosso ritmo. 
Só não está tudo bem envolver pessoas pelo caminho se não estamos preparados para elas. 

"Onde não puderes amar, não te demores."
Frida Kahlo

Quem nos procura sabe o que faz.
E se não sabe, que não procure.

Comentários

  1. Trata-se de coragem quando queremos conhecer alguém? Ou é um simples ato consumista? Ao comprar o que seja nunca precisei de ser corajoso, apenas "quero" e se houver dinheiro compro se não houver não compro. Perante pessoas esse "querer" não se resolve com valores monetários, caso se resolva espero nunca cruzar-me com essa gente.
    Começar uma conversação com alguém atraente requer coragem e prosseguir com valores de caráter, e assim provar, que sou a melhor compra.
    Preso há ideia de ser respeitador, amigo, esclarecedor, dinâmico e palhaço deverei ter exagerado ao ponto de deixar o troco. Em geral os meus valores de pessoa são bem visto então seria burrice minha descartá-los assim, até mesmo abusar deles ou tratar um bom caráter como cêntimos quando se tem uma qualidade social que vejo como essencial - poucas máscaras sociais, ou nenhuma - Óbvio que devo moderar comportamentos e adotar certas posturas em diversos ambientes, que em geral é coisa que não me preocupa, pois a minha forma de ser mais descontraída e confortável é aceitável, assim como, o contacto direto com pessoas que varia em conversas mais sérias, outras mais formais, outras com mais piadas, é o que difere se falo com conhecidos ou desconhecidos.
    No assunto destas conversa fala-se de coragem por conhecer alguém na qual houve no início um interesse físico, de curiosidade em conhecer e que se tornou erótico em saber se fica a fim de mim. Funcionou... caiu na minha teia de boas intenções. Apreciei tudo sem medo! A frequência de estar presente fazia-me apreciar tudo com uma liberdade sem compromissos que sempre concordei por acreditar que alguém estava bem na minha companhia pelo meu estado mais puro, genuíno e transparente.
    Entrelacei-me na minha teia de boas intenções por se tratar de uma infração? Estou errado sobre os meus valores? Os valores visíveis e provados não chegam? Fui um manual de instruções bem lúdico? Ou as minhas noções de sem compromisso são diferentes?
    Justifico-me com o incomodo esta distância ter começado no dia do passeio mais longo, com as conversas mais fluídas e de mim bem convencido que o "sem compromisso" não seria nesse dia nem tão cedo. Uma grande ingenuidade que aceitou a distância, esperança que fosse mais fácil para quem a quer desaparecesse assim que a minha fonte de coragem apercebesse que é para terminar. Não me pareceu uma má tática para todas as dúvidas serem esclarecidas... Não contei com a força do hábito dos momentos que já me tinham marcado... Ficou saudade... Não consegui aguentar calado o tempo necessário... Denegri a decência que tinha sido... Do meu lado o silêncio faz-me sentir a falta, do outro o silêncio faz um eco que só me compete aceitar uma escolha dolorosa que não é minha.

    Re:zero - I hate myself (Subaru's speech) https://youtu.be/TwmrBXOVD3c

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Fui uma mulher desejada, mas nunca amada.

Eles sabem lá.

Não te percas por ninguém.