Amor, por favor!



Seis meses.
Passaram apenas seis meses desde que escrevi a minha retrospectiva do ano de 2018. 
Foram palavras minhas quando disse que estava pronta para ti, dois mil e dezanove. 
Mas hoje, olhando para estes últimos meses, percebo que afinal não estava. 


Hoje escrevo sobre tudo e não escrevo sobre nada.
Estou assustada, aterrorizada e sem palavras para tudo o que se tem vivido. 
Questiono-me se todas as desgraças que temos tido conhecimento nos parecem demasiado por haver mais divulgação das mesmas, ou se estamos a caminhar para um abismo. 

Seria de esperar que falasse deste ano em que nos encontramos apenas no final do mesmo. Mas, honestamente, tenho muito medo de tudo o que ainda poderá acontecer nos próximos seis meses.

O que nos está a acontecer? No que nos estamos a tornar? 

Questionam-me várias vezes porque só falo do amor. 
Talvez esse seja o problema do mundo, a falta de amor. 

Quando falo de amor, não falo apenas de ter alguém do nosso lado. Amor é ajudar aquele senhor com dificuldade a atravessar a rua, é dar água e comida àquele cão abandonado que dorme perto da paragem de autocarro, é dar prioridade a quem a tem, é respeitar quem pinta o cabelo de rosa ou azul, quem tem o corpo coberto de tatuagens ou o rosto com piercings. Amor é respeitar o próximo, é pensar duas vezes antes de destilar ódio só porque achamos que o devemos fazer. 

E por falar em ódio, sempre que quisermos dar a nossa opinião, devemos reflectir: alguém nos pediu que o fizéssemos? Vai fazer alguém se sentir triste ou feliz? Vai melhorar a vida de alguém ou piorar? 

Nem sempre o que pensamos ser correto é o que a outra pessoa precisa. E, por favor, sempre que ofenderem alguém, não se desculpem com "ah, mas eu tenho liberdade de expressão". Não confundam liberdade com falar o que querem, sem qualquer respeito ou empatia. Porque quem julga as escolhas do outro, é o primeiro a acabar com a sua liberdade. 

Não sejam hipócritas.
Parem de se esconder atrás de um ecrã.
Parem com a violência.
Parem com as intrigas, com os conflitos. 
Parem de cultivar ódio.

Parem de se lamentar que o mundo está mal se não fazem nada para o mudar.
A mudança está em cada um de nós. 
A mudança começa no nosso interior. 

Então parem cinco minutos, coloquem-se em frente ao espelho, sem dizer uma única palavra.
Relembrem-se das vossas últimas palavras ofensivas dirigidas a alguém, do último comentário desagradável que fizeram, seja pessoalmente, ou numa rede social. Reflictam sobre isso. Lembrem-se de quando eram miúdos, e questionem-se se aquela criança cheia de sonhos e perspectivas num futuro incrível teria orgulho da pessoa em que se tornaram, ou se teria medo. Medo da frieza, medo da intolerância, medo da escuridão, da falta de amor. 

Não somos todos iguais.  E é essa desigualdade que nos torna tão únicos e especiais. 
Aceitem as pessoas tal como elas são, e se isso vos fizer confusão, apenas respeitem. 

E agora, desliguem o telemóvel. Tomem um café com os amigos, falem dos bons momentos vividos, criem novas memórias. Abracem os vossos pais, abracem todas as pessoas que amam, digam-lhes que os amam. Orgulhem-se dos vossos amigos que não desistem de ser quem são, que lutam para conquistar o seu lugar no mundo, quando isso deveria ser um direito e não uma luta. Apoiem causas em que acreditam, elogiem as pessoas, cuidem do ambiente, ajudem os necessitados. 

Não é preciso muito, um simples gesto para nós, por vezes, pode significar muito para o outro. 
Vão para a rua, façam alguém feliz, sejam felizes. 
Tornem-se na pessoa que querem ter do vosso lado. 
Não alguém de quem querem fugir.

Talvez isto não mude nada, ou talvez mude tudo. 
A mudança começa no interior de cada um. 
Começa a tua!



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