Sobre Ela.



Sobre ela, que é tão ela, que nunca precisou querer ser outra pessoa.
Sobre ela. 


Já lhe ofereceram o mundo quando tudo o que ela queria era um pouco de sol.
Já trocou juras de amor eterno com pessoas de quem não sabe mais.
Já lhe fizeram sentir que tinha o mundo a seus pés, e esse mesmo mundo a esmagou.

Ela é tão ela que nunca quis ser outra pessoa.

Ela, que tem toda uma essência que não é visível aos olhos de qualquer um, já amou mais do que se pode amar alguém.
Após noites marcadas por um choro ininterruptivel, colocou o seu melhor sorriso e enfrentou o mundo como se fosse um dia perfeito.

Um dia, ela já confiou tanto, que hoje se afasta quando dizem "confia em mim".
Ela, que é um ser tão delicado quanto uma flor, e tão forte quanto um furacão.
Oh, pobre rapariga, muitos dirão. Com tão pouca idade, e tantos sonhos por realizar.

Ela, que é tão ela, está certíssima em querer mais, em exigir mais.

Um dia, um dia surgirá alguém capaz de saber lidar com tanta perfeição. Porque ela, sendo ela, é perfeita, do seu próprio jeito. Ela, que é tão ela, é perfeita com todas as suas imperfeições. Porque a perfeição não precisa ser avaliada, não precisa ser aprovada. A perfeição está nos olhos de quem a contempla, de quem se deslumbra com a maior riqueza que algum ser humano pode possuir: a sua essência, o seu brilho, a sua própria luz.

Ela, pequena menina num corpo de mulher, não está errada.
O tempo, na altura certa, lhe trará todas as respostas. O tempo, no seu próprio ritmo, lhe dirá quem vale a pena, quem veio para ficar.

Ela, sendo ela mesma, tem todo o direito de exigir mais.
Para quem tem a sua própria luz, não se deve deixar apagar por quem se sente ofuscado.

O amor, ah, o danado do amor, esse aparecerá, um dia, sem pressa.
Talvez demore semanas, meses, ou até anos. Mas quando chegar, será para ficar, porque ela merece.
Ela merece alguém que a admire, alguém que a bajule, alguém que a abrace num dia difícil, que a beije com a maior paixão do mundo, alguém que a deseje, justo do jeito que ela é.
Ela merece alguém que a transborde de amor, porque completa ela já é.

Após todas as tempestades e naufrágios que ao longo da vida tem enfrentado, aquilo que vai ficando nela é nada mais que amor, amor por si mesma, amor pela vida, pelos pequenos pormenores.

Ela não quer alguém que lhe dê presentes caros, caixas de bombons ou ramos de flores.
Ela nem gosta de flores.

Ela, que é tão ela, só quer um lugar à sombra num dia de sol, um espaço para colocar as suas roupas no armário. Ela não espera um príncipe encantado, não quer uma declaração de amor no meio da rua, ou que peçam permissão para os seus pais.

Ela apenas não quer ser segunda opção de ninguém, não quer sentir-se a competir com outra mulher. Porque a sua maior competição no mundo é com ela mesma.

Ela não quer alguém que se deite na sua cama, e no dia seguinte acordar sozinha.
Ela quer alguém que a queira, alguém que partilhe consigo o pequeno apartamento onde vive, alguém com quem surjam naturalmente os sorrisos, as gargalhadas, alguém que a abrace nas noites frias, que seja o seu porto de abrigo nos dias de tempestade.

Ela, que é tão ela, só quer alguém que a olhe com desejo, paixão, admiração.

Pode ser dramática mesmo, pode ser chata mesmo.
Ela sabe o quanto é especial, o quanto é importante, única.
Não importa o que os outros digam ou pensem.
É a sua força que importa, o seu carácter, o seu carisma.

Ela, que é tão ela, está no seu próprio fuso horário.
Enquanto as amigas se casam e se separam, ela está lá, de copo na mão, vestido preto e salto alto, dançando, livre, leve, solta, feliz. Dança pela noite dentro como se não houvesse amanhã. Dança com toda a gente, e não dança com ninguém.

Ela, que é tão ela, não tem medo da escuridão. Porque ela sabe que quando apagarem as luzes e todos forem embora, restará a única pessoa incapaz de a abandonar: ela mesma.
Ela, que nunca virou as costas ao mundo, mesmo quando o mundo lhe virou as costas.
Ela, que é tão ela, não tem medo da escuridão, porque quem possui a sua própria luz, nunca estará só.

Um dia, talvez um dia conheça alguém que não tenha medo de lidar com toda a sua essência.
Hoje não é o dia.
Então ela dança. Ela continua a dançar.

Porque ela, que é tão ela, sabe que precisa de pouco para ser feliz.


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Não te percas por ninguém.