(Quase) foi amor.

Quando permito que a nostalgia tome conta de mim, torna-se inevitável não relembrar de ti, de nós. Faz tempo que éramos apenas dois miúdos no início da adolescência, considerados o oposto um do outro, no entanto dispostos a tudo para ficar juntos. Durante algum tempo fomos chamados do casal perfeito. E podíamos ter sido.

O primeiro amor é sempre o mais marcante, já ouviste dizer? 

Soube desde a primeira vez que te vi que irias entrar na minha vida de forma arrebatadora, mas nunca imaginei que fosse de uma maneira tão intensa. Perdoa-me por te ter virado a cara todas as vezes que tentaste me beijar, obrigando-te a "comer" os meus cabelos loiros como tu dizias. Perdoa-me por não ter sabido lidar com o medo que tinha de te perder, e por te ter afastado de mim de forma tão parva e brusca. Entre nós sempre houve um enorme paradoxo. Quanto mais te afastava, mais te queria por perto. E quanto mais perto estavas, mais te afastava. 
Perdoa-me por isso. 

A adolescência é uma fase terrível para se tomar decisões, sabes?

Não insistimos o suficiente para dar certo, aceitamos que tinha acabado e seguimos caminhos diferentes. Eu continuei a enganar-me, tentando preencher o teu lugar com outros homens que não tu, e tu conheceste outras miúdas que te fizeram esquecer de mim. E hoje, oito anos depois, consigo perceber o motivo de todos os meus relacionamentos terem dado errado. Hoje consigo perceber que não é justo deixar que alguém se apaixone por mim quando eu continuo apaixonada por ti. 

Ainda lembro do teu cheiro, do som da tua voz, da forma como sorrias para mim. O meu coração batia mais forte todas as vezes que te via a entrar no autocarro, vestindo aquele casaco preto da adidas que usavas quando nos conhecemos. Foram tantas as vezes que queria ir ter contigo, dizer que sentia tanto a tua falta, mas sabia que não o podia fazer porque tinhas outra pessoa, e eu não tinha o direito de interferir na tua vida. Não podia ser egoísta ao ponto de não pensar primeiro na tua felicidade. Porque é assim que o amor deve ser, querer o bem do outro, independentemente de tudo o resto, certo?

Apazigua-me a alma acreditar que, apesar de agora continuarmos tão perto e ao mesmo tempo tão longe, um dia, talvez um dia nos encontremos por aí num café, onde esteja a passar Bon Jovi no rádio, e a nossa história seja um daqueles clichés em que ao fim de não sei quantos anos as pessoas se reencontram e nessa altura, mais maduras, mais conscientes do que querem, aí sim, fazem dar certo. 

Porque se não foi amor, insiste muito em o ser. 

Comentários

  1. A memória nostálgica de uma paixão interrompida antes do fim é tramada... Tende a apagar o mau e deixar um quadro de momentos perfeitos que se repetem em camara lenta iluminados pelo por do sol...

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  2. Caralho Sofia. A vida é puta, não é? Não percas o sorriso.

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